Pressão e treinamento duro na vida dos futuros jogadores de futebol
Assim como muitos garotos brasileiros, o jovem Nathan Santos de Araújo (foto) também cultiva o sonho de ser jogador profissional.
Aos 16 anos, vivendo no “país do futebol”, a rotina é dura, quase sempre com pouco ou nenhum glamour: acordar cedo, ainda de madrugada, para sair da cidade de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense (RJ), onde mora, e percorrer 20 quilômetros rumo ao campo do Vasco da Gama, em São Januário, na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. De lá, junto com outros garotos da mesma idade, toma café e parte para o campo do Audax, onde treina sua categoria.
Nathan começou a atuar no Vasco no início do mês de maio, vindo da Portuguesa, clube de menor investimento. Após o treino, estudar é a próxima jogada e o dia se encerra cedo, para que, na manhã seguinte, a maratona de atividades se repita.
“É o meu sonho ser jogador. Não penso em outra profissão. Quero mesmo é jogar futebol profissionalmente, é o que eu gosto de fazer”, diz o jovem, convicto, com poucas palavras e a timidez característica da puberdade.
Para Henrique Oliveira, ex-jogador e treinador de categorias de base da Portuguesa, Natan é a maior revelação este ano sob seu comando.
Numa análise rápida sobre o potencial do atleta, o técnico não poupa elogios e prevê um futuro promissor, nos moldes de outros jogadores que, ainda jovens, despontaram para o mundo milionário do esporte.
“A base da Portuguesa está fazendo um trabalho sério que está rendendo bons frutos, e o Natan é um deles.
É uma jóia rara!”, elogia o treinador. “Ele é extremamente habilidoso, coordena bem o meio campo e apoia o ataque como poucos, vai para cima. É o que chamamos de um jogador completo, apesar da pouca idade. Assim como aconteceu com o Vinícius Júnior (jogador do Flamengo, de 16 anos, negociado com o Real Madrid este mês por 45 milhões de Euros) ele também terá uma bela carreira pela frente”, comenta Henrique, que em seguida diminui a euforia, lembrando que vários fatores podem atrapalhar a carreira de um jogador e transformar grandes promessas em frustração.
“É claro que jogar bem é o principal, mas há situações fora de campo que também influenciam. O comportamento do atleta, o temperamento, a estrutura familiar e até mesmo a financeira, entre outras situações podem determinar o sucesso ou o fracasso. Sempre falo para essa garotada que o futebol é muito difícil, tem que ter determinação e muito foco senão não chega. Além disso tudo, ainda tem o fator sorte, parceiro”, enumera Henrique.
E a sorte parece acompanhar Natan. Numa derrota da Portuguesa para o Vasco da Gama por 5x2, na terceira rodada do Carioca, as jogadas do jovem franzino, alto, de cabelos encaracolados e olhar desconfiado, despertaram a atenção de Eurico Miranda, presidente do Vasco da Gama, que assistia à partida. O mandatário do clube da colina pediu a um funcionário a contratação de Natan, sacramentada no dia 25 de maio.
“Estou feliz aqui, mas um pouco ansioso. Estou aguardando a legalização da documentação de transferência da Portuguesa para poder estrear”, revelou Natan, que foi sondado por um clube grande de São Paulo e outro de Porto Alegre antes de fechar contrato, com o Vasco, ou melhor, antes de sua mãe fechar com o clube, já que a lei brasileira, em razão de ele ser menor de idade, exige a assinatura do responsável legal nestes tipos de contratos esportivos remunerados.cred:noticiaaominuto