Confira algumas peculiaridades de dez ácidos que promovem rejuvenescimento, tratam problemas como espinhas e estrias, e protegem a pele da ação dos radicais livres e dos raios ultravioleta
Retinóico, glicólico, salicílico, hialurônico, ascórbico, enfim... Os ácidos despontam, no mercado de dermocosméticos, como um dos ingredientes mais efetivos em tratamentos estéticos. Por esse motivo, fazem parte da prescrição de quase a totalidade dos dermatologistas em fórmulas antiacne, antimanchas e antiaging. "Mas a indicação e a dosagem devem ser feitas por dermatologista, assim como a orientação do modo de uso. Isso diminui a chance de irritação e hiperssensibilidade", explica o dermatologista Jardis Volpe, da Clínica Volpe. "Além disso, muitas fórmulas com ácidos podem ter seus efeitos potencializados com outros ativos, como peptídeos, restauradores da barreira, nutritivos, entre outros", acrescenta a dermatologista Claudia Marçal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia. Médicos e farmacêuticos explicam a ação de 9 ácidos na pele:
Ácido Ascórbico — é a famosa Vitamina C. "O Ácido L-Ascórbico é um poderoso antioxidante, cuja aplicação tópica permite alcançar níveis que não seriam possíveis com a ingestão de frutas ou de suplementação oral de vitamina C", explica a dermatologista Claudia Marçal, de Campinas. Além disso, é responsável por frear a ação dos radicais livres, estimular a formação de novo colágeno (é cofator da síntese) e ajuda a proteger a pele dos efeitos do sol, na medida em que uniformiza o tom de pele e melhora sua textura. "Também é importante para diminuir as rugas e apresenta atividade imunoprotetora e clareadora", explica a dermatologista Claudia Marçal. "Prefira as fórmulas que visam manter a estabilidade da vitamina, já que o composto é quimicamente instável, perde rapidamente suas propriedades em contato com a luz, o oxigênio e o calor", completa Jardis Volpe.
A farmacêutica Silvana Masiero, gerente de desenvolvimento da Under Skin, explica que o ativo Tetraisopalmitato de Ascorbila é a forma estável da Vitamina C pura. "O Tetraisopalmitato de Ascorbila apresenta quatro ésteres protegendo o núcleo (Vitamina C pura). Esses quatro vetores de cadeia carbônica (e estabilizadores do núcleo) são responsáveis pela afinidade com a camada fosfolipídica da célula da pele, o que garante a absorção, penetração e resultado", comenta a farmacêutica, que completa: "ao entrar em contato com a pele, o ativo promove todos os benefícios da Vitamina C pura, sendo 10 vezes melhor absorvido."
Ácido Azelaico — "É um ácido com função clareadora e seborreguladora. Usado como clareador, no trato da acne e também da rosácea", afirma o Jardis Volpe. O ácido pode ser usado também por gestantes no controle do melasma. "Ele inibe a tirosinase (enzima responsável pela estimulação e produção da melanina), então consegue prevenir a formação do melasma (e, se presente, o ácido consegue controlar e clarear)", explica a Claudia Marçal. "O ácido ajuda a diminuir os cravos, limpa os poros, faz a ruptura dos microcômedos, tem ação antibactericida (inibindo a bactéria que coloniza lesões inflamadas da acne) ou antimicrobiana, tem efeito anti-inflamatório, secativo e também uma ação importante também como um produto que não só trata o acne, mas clareia as manchas e sequelas de acne", acrescenta.
Ácido Ferúlico — encontrado nas folhas e sementes de muitas plantas, especialmente farelo de milho e arroz. "Esse ácido fornece hidrogênio para a neutralização dos radicais livres, compostos estes relacionados com o envelhecimento das células, portanto é um potente antioxidante", comenta a dermatologista. Claudia Marçal. "É usado junto com a Vitamina C, o Ácido Ascórbico, para tratamento do envelhecimento e manchas", acrescenta Jardis Volpe. O ácido ferúlico suaviza rugas e linhas de expressão. "Quando nanoencapsulado na formulação, garante alta penetração, chegando na junção dermoepidérmica e aumentando a elasticidade com estímulo do fibroblasto", argumenta a farmacêutica Silvana Masiero, da Under Skin.
Ácido Glicólico — é o menor alfahidroxiácido, derivado da cana de açúcar e de vegetais doces. "O ácido penetra bem na camada córnea. Ele tem ação hidratante até 4% e acima disso atua como esfoliante, renovando as células", explica o Jardis Volpe. "Ele quebra e diminui a adesão entre os corneócitos, que são as células da primeira camada e que mantêm a coesão e aderência do extrato córneo (camada de queratina) às suas células. Com essa quebra, ele abre pontes ou portas de entrada, para que haja penetrância de tudo o que está com ele. Também favorece o processo de renovação, sendo um estimulador da neocolagênese, principalmente colágeno do tipo 1 e do tipo 3", comenta a dermatologista Claudia Marçal. Dessa forma, o ácido tem indicação para rejuvenescimento, acne, cicatriz de acne e estrias. "O ácido glicólico torna a pele mais sensível, portanto, após seu uso, o ideal é não expor a pele ao sol sem a proteção adequada, ou isso pode causar forte irritação na pele com descamação, vermelhidão e até mesmo o surgimento de manchas", alerta a dermatologista. É contraindicado para gestantes.
Ácido Hialurônico — Esse ácido é uma glicosaminoglicana e faz parte da matriz extracelular, onde ficam as fibras do colágeno e elastina. "Com o avanço da idade, o ácido hialurônico diminui, reduzindo também a hidratação e elasticidade da pele. Então, quando existe falta de ácido hialurônico, há desidratação da pele, tendência à flacidez, formam-se rugas, sulcos e perda de luminosidade", explica a dermatologista. O ativo ácido hialurônico tem vários pesos moleculares e deve ser usado numa composição com diferentes pesos para atuar em várias áreas da pele. "É usado como um poderoso hidratante em fórmulas anti-idade. Sua versão lipossomada Hyaxel penetra mais na derme ajudando na elasticidade e turgor", completa Jardis Volpe. "O Hyaxel é um ácido hialurônico fracionado vetorizado pelo silício orgânico, cuja função é intensificar a renovação epidérmica (peeling biológico natural). O ativo também possui ação preenchedora, pois potencializa as células da pele a produzir ácido hialurônico e, dessa forma, preencher as rugas naturalmente, sendo também um excelente hidratante", completa a farmacêutica Mika Yamaguchi, diretora científica da Biotec Dermocosméticos. Pode estar presente em muitas fórmulas com ácidos para contrabalancear os processos irritativos e de desidratação da pele.
Ácido Kójico — considerado um clareador importante por ter uso permitido durante o verão e também na gestação. "Promove clareamento, tem ação sinérgica com outros clareadores e é um ácido que não causa irritabilidade nas concentrações de margem de segurança", destaca a
Claudia Marçal. A aplicação contínua deverá ser feita por até 6 meses. "É usado nos tratamentos de manchas e no melasma", comenta o Jardis Volpe. Como o ácido kójico é menos irritante, mais suave e não causa fotossensibilização no paciente, possibilita seu uso até mesmo durante o dia. "Mas mesmo não causando irritação, é sempre importante utilizar o protetor solar com FPS de pelo menos 30 e reaplicá-lo de duas em duas horas", comenta.
Ácido Mandélico — "É um alfahidroxiácido com moléculas grandes, por isso é um dos mais seguros de usar. Atua na prevenção do envelhecimento cutâneo, auxilia controle da oleosidade e manchas. É um ácido bem versátil e bom para uso corporal", esclarece Jardis Volpe. "O ácido mandélico consegue equilibrar o processo de renovação epitelial e tem indicação anti-aging (age diminuindo o fotoenvelhecimento e o tratamento deve ser mantido por meses ou até anos para as rugas e marcas de expressão desaparecerem gradualmente)", completa a dermatologista de Campinas.
Ácido Maslínico — Substância derivada da moagem de azeitonas, é um poderoso antioxidante e também tem ação anti-inflamatória considerável, de acordo com a farmacêutica Silvana Masiero. "As fórmulas em que o ativo está nanoencapsulado garantem alta penetração", afirma a especialista da Under Skin. "O ácido reduz a vermelhidão de peles irritadas, principalmente após exposição solar e outros agressores ambientais. A substância age diretamente sobre a hidratação e aparência da pele, deixando-a mais macia e radiante", comenta Claudia Marçal. Atua contra o envelhecimento cutâneo, melhora hidratação, é regenerador, estimula o turn-over e crescimento de fibroblastos e queratinócitos.
Ácido Retinóico — É o ácido de primeira escolha para a pele envelhecida cronologicamente ou fotoenvelhecida, segundo a dermatologista Claudia Marçal. "É considerado padrão ouro no rejuvenescimento domiciliar. É uma vitamina A ácida, com a finalidade de melhorar o turn over celular, fazendo com que as células cheguem mais jovens, mais oxigenadas e melhor nutridas à superfície da pele", esclarece a dermatologista. "É um estimulador de neocolagênese, do colágeno tipo 1 e tipo 3; é um ácido que pode ser utilizado em conjunto com outros ácidos como o ácido hialurônico, mas não deve ser usado com o glicólico ou com o mandélico; e sempre num padrão com ativos que melhorem a sua irritabilidade", comenta a dermatologista. "É usado na prevenção e no tratamento do fotoenvelhecimento, como rugas. Não deve ser usado em concentrações altas, pois seu uso crônico pode gerar sensibilidades crônicas na pele, rosácea e vasinhos", alerta Jardis Volpe.
Ácido Salicílico — O ácido salicílico é um beta-hidroxiácido e tem uma ação importante no controle da acne, principalmente da acne que forma pequenos microcistos, de acordo com Claudia Marçal. "Pode ser usado também na dermatite seborreica - o que faz um controle muito bom quando aplicado na forma de cremes, shampoos e na forma de loções. Pode ser utilizado em sabonetes ou loções adstringentes, para remoção das impurezas e para controle do extrato córneo, que é a espessura da pele e para fazer uma higienização mais profunda. E também para ter uma ação comedolítica, que é na verdade a abertura ou a ruptura dos cravos, para a saída das lesões da face", afirma. O dermatologista Jardis Volpe acrescenta que sua ação antiacne se dá pela alta penetração na glândula sebácea. "É também um regulador da oleosidade", acrescenta. Como o ácido salicílico afina a pele, torna-a mais suscetível aos danos causados pela radiação ultravioleta.
"Por isso, recomenda-se usar protetor solar de no mínimo 30 (e maior de acordo com o fototipo do paciente) e evitar exposição ao sol", finaliza a dermatologista Claudia Marçal. cred:noticiasaominuto