Ex-presidente voltou a falar sobre a atual crise política brasileira, em editorial divulgado na página oficial do PSDB na internet
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso voltou a falar sobre a atual crise política brasileira, em editorial divulgado na página oficial do PSDB na internet.
No texto, FHC fala sobre o que considera “precipitação da Procuradoria (Geral da República), que fez a denúncia sem apurações mais consistentes”, ao se referir à investigação contra o presidente Michel Temer.
Na última quarta-feira (2), Temer conseguiu impedir que a denúncia de corrupção passiva seguisse para o Supremo Tribunal Federal (STF).
Fernando Henrique também destacou que “a denúncia em si mesma e a fragmentação dos partidos no encaminhamento da matéria já indicam um clima de quase anomia, no qual algumas instituições do Estado e os partidos políticos se perderam”.
Ele considera que a crise não é só brasileira, mas mundial, e lamenta a “sacralização” da corrupção. “Aqui o que houve foi a generalização e a sacralização da corrupção, com as ineficiências decorrentes, aprofundando a perda de confiança popular no governo e na vida política. Neste sentido, estamos imersos em um mar de pequenos e grandes problemas e tão atarantados com eles que somos incapazes de vislumbrar horizonte melhor. É isso o que mais me preocupa, a despeito da gravidade tanto dos casos de corrupção quanto dos desmandos que vêm ocorrendo”.
O tucano diz que, para 2018, é preciso alguém, ou algum movimento, que mude o rumo das coisas, e critica o Congresso Nacional. “O quadro desastroso (quase trinta partidos atuando no Congresso, separados não por crenças, mas por interesses grupais que se chocam na divisão do bolo orçamentário e no butim do Estado) isola as pessoas e os líderes, enclausurando-os em partidos que se opõem uns aos outros sem que se veja com clareza o porquê”, escreveu o ex-presidente.
Sobre o governo do PT e o ex-presidente Lula, FHC usou uma frase de Brizola para fazer a avaliação. “Brizola, referindo-se a Lula, disse que ele era a 'UDN de macacão', lembrando a pregação ética dos fundadores do PT. Infelizmente Lula despiu o macacão e se deixou engolfar pelo que havia de mais tradicional em nossa política: o clientelismo e o corporativismo, tendo a corrupção como cimento. Não é deste tipo de liderança que precisamos para construir um grande país”, atacou.
Por fim, ele defendeu a continuidade do governo atual. “Ainda que venham a ocorrer novos episódios que ponham em causa o atual governo, e melhor seria que não houvesse, de pouco adianta substituir quem manda hoje por alguém eleito indiretamente: ao líder faltaria o sopro de legitimidade dado pelo voto popular, necessário para enfrentar os desafios contemporâneos. É tarde para chorar por impeachments perdidos ou por substituições que nada mudam”. cred:noticiasaominuto