Aécio apoiava Perillo na disputa pela presidência do PSDB, assim como José Serra, João Doria, Alberto Goldman e Aloysio Nunes
Ao assumir o segundo maior posto do PSDB, a primeira vice-presidência do partido, o governador de Goiás, Marconi Perillo, defende a formação de um leque amplo de alianças em torno da candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência, apesar da resistência de setores críticos ao governo Michel Temer e o centrão que o apoia.
"Não sei qual é o pensamento do governador Geraldo, e o dele é que vai ser levado em consideração. Mas se depender de mim vamos procurar todos os players do campo democrático", afirmou.
Para Perillo, o senador Aécio Neves agora mergulhará em sua candidatura em Minas e em sua defesa. "Ele já deu a contribuição que tinha de dar ao
partido", disse.
Aécio apoiava Perillo na disputa pela presidência do PSDB, assim como José Serra, João Doria, Alberto Goldman e Aloysio Nunes.
PERGUNTA - Depois de muita negociação e tensão, como o PSDB começa sua nova fase com Alckmin presidente?
MARCONI PERILLO - O PSDB confirma um jeito de resolver as coisas que sempre ocorreu em todas as nossas convenções, algumas pretensões, algumas escaramuças, muitas vezes até divisões, mas o PSDB nunca chegou a uma convenção sem dialogar muito. Chegamos ao entendimento de que, mais importante que qualquer interesse pessoal, que qualquer vaidade, é o interesse público. E o PSDB é um grande partido brasileiro.
P - Como será o convívio com Tasso após a disputa?
MP - Nunca me considerei candidato de um grupo, recebi apoio de diversas lideranças de diversas regiões do país. Não era uma candidatura ligada a A, B ou C. A minha pré-candidatura permeava diferentes segmentos. Em SP,
contava com apoio ou a simpatia do Doria, do Serra, do José Aníbal, do Aloysio e do próprio Goldman.
P - Qual é a consequência da explicitação de diferenças no partido agora com Alckmin assumindo?
MP - Os episódios das denúncias foram isolados no contexto geral. Eu defendi há quatro meses um desembarque elegante e é o que estou vendo hoje. Não acho que se deve transformar a política em um campo de batalha, numa guerra. É preciso fazer de forma civilizada. São pontos de vista diferentes, mas devem ser respeitados.
P - Há agora a divisão em torno da reforma da Previdência.
MP - Essa questão do apoio ao governo é matéria vencida, é consenso que o
PSDB não está mais no governo. Isso não significa que o PSDB não tenha responsabilidade com a governabilidade de forma independente e compromisso com as reformas. Eu por exemplo sou radicalmente favorável [às reformas]. Eu defendo que o PSDB feche questão na reforma da Previdência, que é vital para o país e os Estados, sob pena de quebrá-los.
P - Como atuará na primeira vice-presidência?
MP - A partir de agora, vou trabalhar para colaborar no sentido de a gente garantir a unidade, e que teses que merecem ser discutidas possam receber apoio da liderança do partido. Tem muitas lideranças novas que com ideias que precisam ser consideradas e apoiadas independentemente de quem estava com quem. Agora não há mais quem foi Marconi ou quem foi Tasso.
Aliás, isso nunca existiu. Eu e senador Tasso sempre tivemos relação extremamente respeitosa. Vou procurar visitar o país todo e dar apoio a todas as candidaturas nossas, principalmente a presidencial.
P - Na candidatura presidencial, é importante azeitar a relação do PSDB com o PMDB?
MP - Tenho um bom trânsito com todos os partidos do campo do centro democrático e, naquilo que eu for demandado pelo presidente do PSDB, Alckmin, eu farei. Sendo demandado buscarei tratar o mais ampliado leque de apoios e uma boa composição para que a gente possa ter um projeto vitorioso. Claro, ancorado em princípios e valores éticos. Vamos procurar estabelecer uma boa aliança, pelo menos é o desejo que eu tenho. Não sei qual é o pensamento do governador Geraldo, e o dele é que vai ser levado em consideração. Mas se depender de mim vamos procurar todos os players do campo democrático.
P - É importante azeitar a relação do PSDB com o PMDB?
MP - É um partido adversário nosso no Estado, mas a nível acional tenho bom trânsito com várias lideranças.
P - Alckmin tem perfil conciliador, e o país vive um momento de polarização.
A postura dele deverá ser mudada ou é o caminho?
MP - Creio que candidaturas que polarizam pelo radicalismo tendem a
derreter. A gente precisa de paz, concórdia e convergências para tirar o país da crise. Alckmin não é um político qualquer, venceu inúmeras eleições. É um líder. Sua forma respeitosa é um atributo e ele saberá dar o tom mais duro
quando for necessário, e todos nós também vamos dar as nossas opiniões e enfrentar o debate quando for necessário.
P - Qual será o papel do Aécio no partido a partir de agora?
MP - Não falei com ele, mas imagino que vai se voltar agora ao Estado de Minas, à candidatura que deverá ser a senador ou a deputado federal. Ele já deu a contribuição que tinha de dar ao partido. Amanhã haverá uma nova direção. Com certeza, sendo candidato, saberá debater assuntos de interesse do Estado e se defender das acusações que sofreu. cred:noticiasaominuto