Projeto Noite de Reis, Um Elogio à Diversidade, contemplado pela 7ª Edição do Prêmio Zé Renato de Teatro, é composto por apresentações do espetáculo Noite de Reis, oficinas e encontros com o público.
Noite de Reis, peça de William Shakespeare que marca a primeira montagem profissional do Grupo Pandemônio em Cena, reestreia sexta-feira, dia 15 de Fevereiro, às 21h, no Teatro Cacilda Becker.
O enredo da peça tem como base o travestimento da protagonista, Viola em Cesário, cujo disfarce será alavanca de uma série de reviravoltas amorosas que, além de bem humorados, causam uma reflexão sobre os modelos femininos e masculinos socialmente aceitos, aspecto ressaltado pelo grupo.
O grupo usa o texto do dramaturgo inglês para dialogar sobre a urgência de encontrar o outro apesar das diferenças. Na encenação, o grupo também trabalha utilizando o recurso das máscaras, em que tem se especializado.
O texto de William Shakespeare conta uma história sobre pessoas que são incapazes de se ver ou ouvir, já que estão mergulhadas nos seus profundos desejos individuais. A partir dessa premissa, o Grupo Pandemônio em Cena propõe uma encenação musical e popular, onde as cores, sons e gestos contribuam para tornar vivo o texto shakespeariano e acessível para todas pessoas de diferentes idades, gêneros e classe social.
Fotos: Alécio Cézar
“Convidamos o público a refletir sobre o amor festivo, sensitivo e instintivo como forma de união, de tolerância à diversidade, um antídoto à violência”, diz Rodrigo Veloso, diretor da peça, que também assina a tradução do texto.
Além da encenação do espetáculo, o projeto Noite de Reis, Um Elogio à Diversidade, também é composto por encontros dos artistas com jovens estudantes e professores da rede pública de ensino. Ao todo, serão doze apresentações no Teatro Cacilda Becker, quatro apresentações em CEUs e quatro ocupações intituladas Ocupação Noite de Reis, da aurora ao entardecer, com oficinas, apresentações do espetáculo e um jantar coletivo com o público.
A ocupação acontecerá em quatro espaços diferentes: a sede do CITA na zona sul, sede do grupo Dolores Mecatrônica das Artes, na zona leste, sede do grupo Pandora de teatro, na zona oeste, e Casa de Cultura Vila Guilherme, na zona norte.
Fotos: Alécio Cézar
“Esta ocupação é uma forma de concretizar esse espaço de encontro para além da apresentação teatral. Ela é, através do contato e da disponibilidade de transportes para alunos e professores da rede pública da região, um convite para conhecer um lugar e algumas pessoas que fazem teatro em sua região.
É, através de uma oficina aberta, um espaço para artistas, por vezes de linguagens e desejos diferentes, se encontrarem. É igualmente, através da comida compartilhada nos jantares comunitários, uma forma de criar uma comunhão teatral, restituindo assim a etimologia da palavra ‘companhia’, aqueles que compartilham o pão,” explica o grupo.
Fotos: Alécio Cézar
Sobre a tradução e as máscaras
A criação do espetáculo foi feita cena à cena à medida que era feito um esboço de tradução. Após as primeiras improvisações, a tradução era retocada e adaptada. Esse processo possibilitou uma melhor compreensão cênica da situação e também uma tradução mais rítmica e imagética.
“Foi uma escolha bastante importante para se dar conta do ‘ritmo alucinante’ da peça, como foi dito pelo crítico Harold Bloom. Assim, a tradução própria do texto foi um norte da construção dramatúrgica e da própria encenação”, conta Rodrigo Veloso.
A atriz Caroline Oliveira confeccionou meias-máscaras de quatro das sete personagens da peça. As outras personagens, mesmo sem máscaras, foram construídas dentro do princípio do jogo de máscaras.
Fotos: Alécio Cézar
A escolha do teatro de máscaras concretizou a estética de teatro popular desejada pelo grupo, concreta e visualmente e, ao mesmo tempo, possibilitou a intensidade de jogo e atuação, pedidas pelas situações e personagens de Noite de Reis.
A metodologia de trabalho vem do contato do diretor com a experiência do ensinamento de dois mestres: Jacques Lecoq e Ariane Mnouchkine.
SERVIÇO
Noite de Reis, Grupo Pandemônio em Cena.
Temporada: De 15 de Fevereiro a 10 de Março. Sextas e sábados, às 21h e domingos às 19h..
Onde: Teatro Cacilda Becker. Rua Tito, 295 - Lapa.
Ingressos: 20 reais (Inteira), 10 reais (meia).
Classificação: Livre. Duração: 1h40.
Lotação: 198 lugares.
Por Renan Ferreira - SP
Ensaio Comunicação
Colaborador na RMF/OnLine